sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A viuva de naim

JESUS E A VIÚVA DE NAIM


Em cada ação, cada palavra e cada atitude do Mestre podemos aprender lições que trazem vida e crescimento espiritual. Lições que nos ensinam a desmistificar falsos conceitos, identificar sofismas e desmascarar o erro.
 
Um episódio dentro do ministério de Jesus que nos chama a atenção é a ressurreição do único filho de uma viúva da cidade de Naim, na Galiléia. De acordo com os relatos bíblicos, foi o primeiro milagre de ressurreição feito pelo Senhor e ocorreu logo no início do ministério do Mestre:

"E aconteceu que, no dia seguinte, ele foi à cidade chamada Naim, e com ele iam muitos dos seus discípulos, e uma grande multidão; E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se, tocou o esquife ( e os que o levavam pararam ), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o defunto assentou-se, e começou a falar.  E entregou-o a sua mãe. E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo" (Lucas 7:11-16)


               O MONOPÓLIO DOS MILAGRES

Algumas vezes eu ouvi pregações sobre esse tema, destacando principalmente a oposição entre a tristeza daqueles que, sem esperança, sofriam com morte de um conterrâneo, e a alegria daqueles que, não obstante sofrerem perseguições e tribulações, seguiam o Senhor Jesus. Sem dúvidas, naquele dia em Naim duas multidões se encontraram e os sentimentos que pairavam sobre cada uma delas era bem diferente. De um lado a morte e a desesperança, do outro a vida eterna e a fé. Duas multidões e duas realidades diferentes.
 
Porém, o que também chama a atenção neste milagre é a posição da viúva, de quem o evangelista sequer cita o nome, em relação a Jesus. Podemos ver, analisando todo o contexto, que aquela mulher não era discípula de Jesus. Ela não estava entre aqueles que seguiam o Senhor em sua caminhada pela Galiléia, até porque Jesus estava principiando seu ministério e começando a ficar conhecido pelo povo galileu. 
 
Isso nos ensina algo muito importante. Nenhum grupo ou igreja (assembléia de pessoas que se reúne em nome de Jesus), deve chamar para si o monopólio dos milagres. Vemos com pesar que muitos utilizam os milagres de Deus como elemento de marketing, tentando passar a idéia subliminar de que os milagres de Deus estão concentrados em determinado lugar.
 
A ressurreição do filho da viúva de Naim nos ensina que o milagre de Deus não está subordinado a locais ou assembléias, e sim à vontade do Criador. Milagres acontecem todos os dias e em qualquer lugar. Onde houver uma necessidade humana e a vontade do Senhor assim o quiser, haverá um milagre!
 
O Senhor sabia muito bem que aquela viúva dependia de seu filho. Ao contrario do que observamos atualmente, dias em que, devido ao desemprego da população economicamente ativa, os aposentados muitas vezes sustentam filhos e netos com os seus proventos, nos dias da viúva de Naim os filhos eram a verdadeira aposentadoria de seus pais. Não havia seguridade social nem aposentadoria privada. Aos filhos cabia cuidar de seus progenitores quando estes não tivessem mais condições de trabalhar. Agora imagine a situação daquela viúva. Não tinha esposo e seu único filho havia perecido...
 
A partir daquele momento, ela teria que sobreviver dependendo da ajuda, por não dizer esmola, de amigos, caso os tivesse. A Palavra revela que o coração do Senhor, o qual sabia de tudo isso e tudo o mais, se moveu de compaixão. Quando Deus se compadece, o milagre acontece. Ninguém pode ter o monopólio do amor e compaixão do Senhor. Nenhum grupo pode chamar para si essa exclusividade ou preeminência. Em sua infinita soberania, Ele age como quer e onde quer.

               O MONOPÓLIO DA FÉ

A Palavra nos revela que sem fé é impossível agradar a Deus e que Ele é galardoador dos que o buscam. O próprio evangelho da graça tem na fé no Senhor Jesus o canal para nossa salvação. Quem não crer, será condenado. Sem dúvidas, a fé é um requisito fundamental para relacionar-nos com Deus e viver as suas bênçãos e milagres. É da fé que vivemos! (Romanos 1:17). Mas, estaria Deus subordinado à fé humana para agir? Esta pergunta pode parecer descabida ou infantil, porém, por incrível que pareça, muitos atualmente têm respondido afirmativamente a ela. Deus só pode agir quando há fé!!!
 
Pessoalmente, já vi e ouvi muitos dizerem isso, principalmente aqueles que fazem parte ou simpatizam movimentos que colocam a fé humana acima da soberania divina. Num certo fórum que participei há alguns anos na internet, me deparei com essa situação. O tema era relacionado à fé e aos milagres. Alguns dos participantes defendiam que apenas através da fé os milagres divinos poderiam ocorrer.
 
Para sustentar tal idéia, até mesmo "bases" bíblicas foram achadas, como as passagens de Mateus 13:58 e Marcos 6:5-6, que mostram a falta de fé e a rejeição dos habitantes de Nazaré ao Senhor, fazendo com que Ele não operasse muitos milagres ali.
 
Mas, e se o Senhor quisesse realizar algum milagre, através de sua soberania, não poderia tê-lo feito naquelas cidades, mesmo sem contar com a fé de seus habitantes? Não! Diriam aqueles que defendem a subordinação de Deus à fé do homem.
 
Então, o que falar do episódio ocorrido naquele dia em Naím? O Senhor Jesus ressuscitou aquele jovem porque alguém teve fé? Quem ler de uma forma equilibrada a passagem em questão verá que a iniciativa da ação miraculosa partiu do próprio Senhor. Ninguém se prostrou a seus pés rogando-lhe um milagre. Ninguém "determinou" ou "reivindicou" o milagre de Cristo naquela ocasião. O Mestre agiu porque quis. A misericórdia Dele transcende o nosso entendimento e ai daquele que queira limitá-la dentro de suas teses teológicas.
 
Deus não está subordinado a nossa vontade. O agir de Deus não depende necessariamente de nossa fé, mas sempre gerará fé naqueles que vivem essa ação. Imaginamos como deve ter mudado a história daquela viúva e de seu filho. Como o dia a dia daquela pequena cidade da Galiléia foi abalado por aquele milagre que nasceu no coração amoroso do Senhor Jesus. 

Que possamos continuar vivendo a fé que foi dada aos santos (Judas 3) e usar essa fé no dia a dia. Mas, ao mesmo tempo, que possamos reconhecer e celebrar a soberania do Senhor. Ele age como, quando e com quem quiser. Ele é Deus.

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